Pages

sábado, 12 de março de 2011

Heterônimo

Antes era como se fosse errado, ou pelo menos não exatamente como deveria ser. Lamentava- se e desejava que o tempo passasse sem que percebesse. Podia sentir tudo á seu redor como se fosse diferente, não havia liberdade mas sim uma barreira sólida de limites. Se pudesse mudar, mudaria, mas os osbstáculos sempre estariam ali, discretamente esperando para que tentasse e quando finalmente o fizesse jogariam-na no chão ignorando suas tentativas frustadas de se reerguer. Era tão inútil.
Era engraçado como transpirava inocência, não tranparecia maldades, e se as tinha, as escondia com perfeição. Bem lá no fundo, onde nada nem ninguém conseguiria penetrar. Aliás, acho que era isso que fazia.Pois ninguém nem mesmo tão perfeita criatura conseguiria ser tão controlada, tão inabalável. Dissimulada, esse era o adjetivo correto. Percebia a imenência de seu destino e tentava ao menos deixá-lo mais confortável pra si,construindo um mundo onde nada daquilo que não gostasse poderia existir. Desenhava seus sonhos para torná-los concretos e fugir do mundo abstrato em que jamais poderia mandar, ou sequer palpitar. Afinal quem era ela, tão insignificante mortal, cheia de medos e defeitos para poder ditar ordens em um universo real.
Não, lá ela não poderia fingir, por isso talvez não conseguisse entrar. Lá era proíbido mentir, e quem o fizesse deveria pagar. E o preço? poderia ser tudo aquilo que não estivesse disposta a contar.

0 comentários:

Postar um comentário